Livro de psicólogo paraibano retrata conflitos na sexualidade de religiosos

Ficção conta o romance entre seminaristas e é baseada em emoções reais.
No lançamento, Leonardo Miggiorin apresenta monólogo inspirado na obra.

Marcos Lacerda é o autor de 'Libélula' e de 'Um estranho em mim' (Foto: Rafael Oliveira/Divulgação )

 Com base em 21 anos de atendimentos psicológicos, o paraibano Marcos Lacerda resolveu escrever um romance sobre a relação amorosa entre dois seminaristas da Igreja Católica. “Libélula” é uma ficção, mas o psicólogo explicou que é um reflexo dos anos de observação de depoimentos de fiéis e religiosos em João Pessoa. A história se passa nos anos 50, em um seminário em João Pessoa.

“Atendi muitos fiéis e religiosos como padres e freiras e fui observando que pessoas com valores religiosos muito fortes têm conflitos relacionados à própria sexualidade. Essa não é a história dessas pessoas, mas das emoções dessas pessoas”, explicou o psicólogo, que também é autor do livro “Um estranho em mim”.

'Libélula' fala do romance entre dois seminaristas
(Foto: Divulgação)

“Libélula” será lançado neste sábado (9), a partir das 16h30, na Livraria da Vila, na Alameda Lorena, em São Paulo. A solenidade vai ter a participação do ator Leonardo Miggiorin, que vai apresentar um monólogo inspirado na obra. Ainda não há previsão de lançamento na Paraíba. O livro já está à venda em algumas livrarias online.

“As pessoas precisam aprender a fazer as pazes consigo mesmo porque a gente é o que a gente tem que ser. Quem ousar ler o livro vai se identificar e talvez encontrar uma série de casulos dentro de si que precisam ser quebrados, não necessariamente ligados à sexualidade”, comentou o psicólogo.

O título do livro reflete as transformações que acontecem na vida do protagonista José. Ele chega no seminário sem identidade sexual definida e vai construindo essa identidade em contato com outro seminarista.

“Os dois rapazes encontram o verdadeiro deus que existe no seminário da vida, que é o amor. Eles enfrentam uma série de conflitos, lutos e têm que aprender a perder coisas. Eles passam por uma reconstrução a partir do amor, em um ambiente onde as coisas não são fáceis. É preciso saber que nesses lugares não se tem apenas bondade, também há competição, disputas e tudo que tem em um lugar onde existe aglomeramento humano: inveja, rancores e desejos sexuais”, disse.

Segundo o escritor, alguns desses sentimentos conseguem ser reprimidos pelos fiéis, conforme conseguiu observar durante os atendimentos psicológicos. “Até por força da própria fé, eles conseguem sublimar isso. Eles conseguem barrar o comportamento, mas o sentimento não tem como barrar. A Igreja deveria entender isso de forma mais humana”, explicou.

Marcos Lacerda explicou que há sexo no livro, mas que a obra não se resume a isso. De acordo com ele, “Libélula” tem o objetivo de mostrar as dores humanas. “Minha ideia, na verdade, é dar densidade psicológica à literatura LGBT, que hoje é muito erótica, muito sexualizada. Qualquer pessoa que ler meus livros, independente da orientação sexual, se identificará. As pessoas são todas iguais. No fundo, a única coisa que a gente quer é não estar sozinho, é ser amado”, esclareceu.

O G1 entrou em contato com o arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, e ele disse que não iria se pronunciar sobre o conteúdo da obra, uma vez que não leu o livro e nem conhece o autor.

 

por: g1 pb

Postagem Anterior Próxima Postagem

Sample Text

ALIANÇA

...
                                                                           

EXECUTIVO