Beijar a boca da criança confunde sobre atitude dos pais

"Meu filho gosta de me beijar de língua, é uma delícia! Mas terei de cortar isso a partir de uma certa idade, senão seria esquisito. Meio edipiano."



Por  Silvânia Santana

 reprodução google imagem


Alguns pais tem o hábito de beijar na boca de seus filhos e dizer que é uma demonstração de afeto, muitos além de ter este comportamento, também permiter que outras pessoas mais próximas, pratiquem o mesmo com as crianças.

A cantora  Fergie, por exemplo, declarou em um programa da TV americana, no mês de agosto, que adora beijar Axl, seu filho de um ano, dessa forma. "Meu filho gosta de me beijar de língua, é uma delícia! Mas terei de cortar isso a partir de uma certa idade, senão seria esquisito. Meio edipiano."

 De acordo com a psicóloga Isabel Cristina Gomes, coordenadora do Laboratório de Casal e Família do Instituto de Psicologia da USP (Universidade de São Paulo), os pais devem ter em mente que, social e culturalmente, beijar na boca é uma forma de carinho entre namorados. "A relação entre um casal é diferente da parental", esclarece a especialista. O hábito inocente pode tornar confuso e complexo o entendimento infantil dessa diferença.

"Por que o beijo que era parte da relação amorosa passou para os filhos?  Penso que pode ser uma necessidade de erotização das crianças. É claro que a criança pode ser erotizada mesmo sem o beijo, mas esse é um hábito que a coloca em outro lugar, que não deveria ser o dela", afirma Isabel.
A erotização pode estar  reforçada por outras causas.

A questão não é apenas a ação em si, mas muitas crianças podem relacionar o beijo na boca com imagens que presenciam na TV. "A TV apresenta cenas, imagens e verbalizações com forte conteúdo sexual e a criança imita, sem ter noção do que se trata", afirma a psicóloga Hilda Avoglia, da Universidade Metodista de São Paulo, especialista em desenvolvimento da criança e do adolescente

  A situação pode se complicar à medida que o filho cresce. "Depois dos dez anos, a criança está vivenciando outra fase do desenvolvimento psicológico e também biológico (com a chegada ou proximidade da puberdade), já que se encontra em ação o funcionamento hormonal", avisa a psicóloga.

  assunto saúde

Na ocasião, se o hábito de beijar na boca continua com os filhos mais velhos é necessário olhar para os pais. "Ao beijar o filho adolescente, o pai pode estabelecer uma relação diferente com ele, além da parental. O que significa para um pai e para uma mãe beijar na boca dos filhos?  Especialmente os mais velhos?  Isso tem de ser trabalhado com os adultos", esclareceu Isabel Cristina Gomes.

Para Hilda, ter pais amorosos é essencial para a organização psíquica da criança. "Afagar, tocar na pele, comunicar-se carinhosamente são atitudes que fortalecem a relação entre pais e filhos. Mas para que tudo isso seja vivenciado de modo integrador não se faz necessário que a criança seja beijada na boca", afirma.

Além da questão psicológica, os profissionais da saúde previne para os riscos de transmissão de doenças. Explica a doutora em odontopediatria Erika Guimarães. "A boca é um dos locais do nosso corpo com maior número de bactérias, e algumas delas podem causar doenças, como a cárie."
Os adultos possuem muitas colônias de bactérias, algumas são benéficas, mas há as que provocam doenças. E quando o bebê nasce, sua boca tem pouquíssimas bactérias e seu sistema imunológico é imaturo. "Ao beijar a boca do bebê, o adulto pode transmitir, além de bactérias, vírus e fungos", esclarece Érika.

Informações:Uol


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