O Fantástico conversou com o menino que foi atacado pelo tigre do zoológico de Cascavel, no Paraná. Ele teve alta esta semana. E a conversa aconteceu na casa da mãe dele, em São Paulo.
Brincar com animais é algo comum na casa em que Vrajamany vive com a mãe, o padrasto e com um dos irmãos. Eles têm dois cães de estimação.
No fim do mês passado, Vrajamany viajou com o pai, que também mora em São Paulo. Eles foram visitar o irmão caçula, por parte de pai, no Paraná. No dia 30, uma quarta-feira, os três foram ao zoológico da cidade de Cascavel. Foi lá que aconteceu o acidente: Vrajamany, de 11 anos, foi atacado por um tigre de mais de 200 quilos. O braço direito foi amputado.
Na última quarta, o menino recebeu alta e no dia seguinte voltou para casa em São Paulo. Pela primeira vez, Vrajamany Fernandes Rocha, de 11 anos, fala sobre o ataque.
Fantástico: Vrajamany, chegou a sua hora de contar o que aconteceu.
Vrajamany: Quando eu cheguei não tinha ninguém no zoológico.
Fantástico: Nem visitante, nem vigia?
Vrajamany: Nem visitante, nem vigia. Tinha poucas pessoas. Eu já pulei a cerca para ver melhor, mais de perto.
Segundo ele, nessa hora o pai não estava junto.
Vrajamany: Meu pai ainda tinha ficado lá para trás, eu estava sozinho.
Fantástico: Você foi andando na frente?
Vrajamany: Fui.
O menino buscou o pai e voltou a pular a cerca.
Fantástico: E aí que você resolveu dar comida?
Vrajamany: Não, eu não tinha comida. Eu fui almoçar e voltei de novo.
Vrajamany trouxe os ossos de frango no bolso. Pela terceira vez, entrou na área restrita. Visitantes filmaram quando ele ofereceu a comida ao leão.
Fantástico: Você não ficou com medo do leão?
Vrajamany: Não.
Fantástico: Não achou que ele pudesse te morder?
Vrajamany: Não, até porque ele não passa pela grade.
Depois, foi para a jaula do tigre.
Vrajamany: Meu pai chegou, ficou no tronco e eu fiquei brincando com o tigre e aconteceu o acidente.
Fantástico: Teve gente que disse que o tigre fez xixi ali querendo marcar território, você percebeu?
Vrajamany: É, eu esqueci que ele marca território.
Ele também conta por que escalou a grade.
Vrajamany: Para ele chegar perto assim. Porque ele ia para lá e ficava um pouco. Ai você subia, ele vinha para cá assim.
Fantástico: Você não teve medo?
Vrajamany: Não.
Fantástico: Achou que ele pudesse te atacar?
Vrajamany: Não.
Para ele, era diversão, mas o tigre reagiu.
Vrajamany: Só olhei para cá e ele pegou a minha mão, eu fiquei assim e já não vi mais o que aconteceu.
Fantástico: E como foi?
Vrajamany: Meu pai já veio correndo do tronco, pulou a cerca, bateu na cara dele e aí ele soltou o meu braço. O outro homem lá me ajudou a tirar da cerca e aí eu fiquei deitado na grama até chegar o bombeiro.
Vrajamany lembra de ter pedido para não sacrificarem o tigre.
“Não é culpa dele. Eu que coloquei a mão lá”, conta o menino de 11 anos.
Os médicos que atenderam o menino no Paraná identificaram duas mordidas do tigre: uma na mão direita e outra na altura da axila. Segundo eles, por apenas dois centímetros, os dentes do animal não atingiram artérias importantes que passam perto do ombro. Nesse caso, o menino poderia ter morrido na hora.
Fantástico: Você desmaiou?
Vrajamany: Não. Estava consciente.
Fantástico: Lembra de tudo?
Vrajamany: Sim.
O socorro foi rápido, mas os médicos avaliaram que não havia chance de reconstrução. Optaram pela amputação do braço direito.
Vrajamany: Na ambulância, eu já sabia que iam cortar meu braço.
Fantástico: Você achou que iam cortar?
Vrajamany: Eu já fiquei triste lá já.
A Polícia Civil do Paraná investiga de quem é a responsabilidade e, na última sexta, chamou o pai para novo depoimento. Mas ele preferiu o silêncio por orientação do advogado.
“Todas as questões que se levantaram com a posição das pessoas, eu entendo, eu compreendo as pessoas e não culpo, não julgo ninguém. Esses dez dias foram a coisa mais estranha que já em toda a minha vida. Eu e Vrajamany temos uma relação de muita cumplicidade e temos uma história que é difícil das pessoas terem a dimensão disso”, afirma o pai do menino, Marcos do Carmo Rocha.
Vrajamany: O meu pai não teve culpa. Ele não sabia que ia acontecer.
Fantástico: Ele disse que não viu o perigo.
Vrajamany: É, nem eu vi.
Atividades que eram simples, agora causam certa dificuldade. Vrajamany é destro. O foco é fazer o braço esquerdo assumir novas habilidades.
“Assim que ele chegou de viagem ele foi tomar banho e a mãe foi ajudá-lo a tirar a roupa e ele falou: não, para! Deixa que eu consigo tirar a minha roupa”, conta Luis Rigamonti, padrasto de Vrajamany.
“Porque eu quero voltar a fazer as coisas sozinho rápido”, conta o menino.
O próximo desafio do Vrajamany é voltar para escola. Para isso, ele vai ter de reaprender a escrever com o braço esquerdo, mas os colegas de sala de aula já disseram que estão prontos para ajudar.
“Eu estou devagar para escrever”, diz Vrajamany.
A família ainda não sabe se Vrajamany vai poder usar prótese nem se eles vão ter condições de pagar por uma.
“Vamos marcar na semana que vem consulta num centro de reabilitação. Vamos esperar uma avaliação médica”, afirma a mãe de Vrajamany, Mônica Fernandes Santos.
Ele faz planos.
Vrajamany: Eu quero uma prótese humanoide.
Fantástico: O que é uma prótese humanoide?
Vrajamany: É igual a um braço. Ela tem os mesmos movimentos que um braço.
“Eu fico feliz, porque a vida é uma dádiva. E em momento nenhum ele está pensando em jogar a vida dele fora. Ele está persistindo, sabe que tem que viver e é corajoso. Todos nós sofremos uma transformação”, afirma a mãe de Vrajamany.
“Já passou, não vou ficar olhando para trás, não”, diz Vrajamany.
Fantástico
Brincar com animais é algo comum na casa em que Vrajamany vive com a mãe, o padrasto e com um dos irmãos. Eles têm dois cães de estimação.
No fim do mês passado, Vrajamany viajou com o pai, que também mora em São Paulo. Eles foram visitar o irmão caçula, por parte de pai, no Paraná. No dia 30, uma quarta-feira, os três foram ao zoológico da cidade de Cascavel. Foi lá que aconteceu o acidente: Vrajamany, de 11 anos, foi atacado por um tigre de mais de 200 quilos. O braço direito foi amputado.
Na última quarta, o menino recebeu alta e no dia seguinte voltou para casa em São Paulo. Pela primeira vez, Vrajamany Fernandes Rocha, de 11 anos, fala sobre o ataque.
Fantástico: Vrajamany, chegou a sua hora de contar o que aconteceu.
Vrajamany: Quando eu cheguei não tinha ninguém no zoológico.
Fantástico: Nem visitante, nem vigia?
Vrajamany: Nem visitante, nem vigia. Tinha poucas pessoas. Eu já pulei a cerca para ver melhor, mais de perto.
Segundo ele, nessa hora o pai não estava junto.
Vrajamany: Meu pai ainda tinha ficado lá para trás, eu estava sozinho.
Fantástico: Você foi andando na frente?
Vrajamany: Fui.
O menino buscou o pai e voltou a pular a cerca.
Fantástico: E aí que você resolveu dar comida?
Vrajamany: Não, eu não tinha comida. Eu fui almoçar e voltei de novo.
Vrajamany trouxe os ossos de frango no bolso. Pela terceira vez, entrou na área restrita. Visitantes filmaram quando ele ofereceu a comida ao leão.
Fantástico: Você não ficou com medo do leão?
Vrajamany: Não.
Fantástico: Não achou que ele pudesse te morder?
Vrajamany: Não, até porque ele não passa pela grade.
Depois, foi para a jaula do tigre.
Vrajamany: Meu pai chegou, ficou no tronco e eu fiquei brincando com o tigre e aconteceu o acidente.
Fantástico: Teve gente que disse que o tigre fez xixi ali querendo marcar território, você percebeu?
Vrajamany: É, eu esqueci que ele marca território.
Ele também conta por que escalou a grade.
Vrajamany: Para ele chegar perto assim. Porque ele ia para lá e ficava um pouco. Ai você subia, ele vinha para cá assim.
Fantástico: Você não teve medo?
Vrajamany: Não.
Fantástico: Achou que ele pudesse te atacar?
Vrajamany: Não.
Para ele, era diversão, mas o tigre reagiu.
Vrajamany: Só olhei para cá e ele pegou a minha mão, eu fiquei assim e já não vi mais o que aconteceu.
Fantástico: E como foi?
Vrajamany: Meu pai já veio correndo do tronco, pulou a cerca, bateu na cara dele e aí ele soltou o meu braço. O outro homem lá me ajudou a tirar da cerca e aí eu fiquei deitado na grama até chegar o bombeiro.
Vrajamany lembra de ter pedido para não sacrificarem o tigre.
“Não é culpa dele. Eu que coloquei a mão lá”, conta o menino de 11 anos.
Os médicos que atenderam o menino no Paraná identificaram duas mordidas do tigre: uma na mão direita e outra na altura da axila. Segundo eles, por apenas dois centímetros, os dentes do animal não atingiram artérias importantes que passam perto do ombro. Nesse caso, o menino poderia ter morrido na hora.
Fantástico: Você desmaiou?
Vrajamany: Não. Estava consciente.
Fantástico: Lembra de tudo?
Vrajamany: Sim.
O socorro foi rápido, mas os médicos avaliaram que não havia chance de reconstrução. Optaram pela amputação do braço direito.
Vrajamany: Na ambulância, eu já sabia que iam cortar meu braço.
Fantástico: Você achou que iam cortar?
Vrajamany: Eu já fiquei triste lá já.
A Polícia Civil do Paraná investiga de quem é a responsabilidade e, na última sexta, chamou o pai para novo depoimento. Mas ele preferiu o silêncio por orientação do advogado.
“Todas as questões que se levantaram com a posição das pessoas, eu entendo, eu compreendo as pessoas e não culpo, não julgo ninguém. Esses dez dias foram a coisa mais estranha que já em toda a minha vida. Eu e Vrajamany temos uma relação de muita cumplicidade e temos uma história que é difícil das pessoas terem a dimensão disso”, afirma o pai do menino, Marcos do Carmo Rocha.
Vrajamany: O meu pai não teve culpa. Ele não sabia que ia acontecer.
Fantástico: Ele disse que não viu o perigo.
Vrajamany: É, nem eu vi.
Atividades que eram simples, agora causam certa dificuldade. Vrajamany é destro. O foco é fazer o braço esquerdo assumir novas habilidades.
“Assim que ele chegou de viagem ele foi tomar banho e a mãe foi ajudá-lo a tirar a roupa e ele falou: não, para! Deixa que eu consigo tirar a minha roupa”, conta Luis Rigamonti, padrasto de Vrajamany.
“Porque eu quero voltar a fazer as coisas sozinho rápido”, conta o menino.
O próximo desafio do Vrajamany é voltar para escola. Para isso, ele vai ter de reaprender a escrever com o braço esquerdo, mas os colegas de sala de aula já disseram que estão prontos para ajudar.
“Eu estou devagar para escrever”, diz Vrajamany.
A família ainda não sabe se Vrajamany vai poder usar prótese nem se eles vão ter condições de pagar por uma.
“Vamos marcar na semana que vem consulta num centro de reabilitação. Vamos esperar uma avaliação médica”, afirma a mãe de Vrajamany, Mônica Fernandes Santos.
Ele faz planos.
Vrajamany: Eu quero uma prótese humanoide.
Fantástico: O que é uma prótese humanoide?
Vrajamany: É igual a um braço. Ela tem os mesmos movimentos que um braço.
“Eu fico feliz, porque a vida é uma dádiva. E em momento nenhum ele está pensando em jogar a vida dele fora. Ele está persistindo, sabe que tem que viver e é corajoso. Todos nós sofremos uma transformação”, afirma a mãe de Vrajamany.
“Já passou, não vou ficar olhando para trás, não”, diz Vrajamany.
Fantástico