Dois milhões recebem 2015 na praia de Copacabana no Rio de Janeiro

Multidão ouviu mensagem do Papa Francisco e ficou hipnotizada com 16 minutos de fogos de artifício nos céus 


Dois milhões de cariocas e turistas fizeram festa para a chegada de 2015 na Praia de Copacabana. Eles foram chegando aos poucos, desde cedo, dando um tom branco à orla do bairro. Assistiram aos shows, ouviram uma mensagem do Papa Francisco pouco antes da meia-noite, e ficaram hipnotizados com 34 mil bombas de fogos de artifício que coloriram o céu por 16 minutos. Durante o show pirotécnico, uma das onze balsas, que carregava três mil bombas, pegou fogo. Mesmo com as chamas, fogos de artifício continuaram a ser disparados. Para tentar contornar a situação, um rebocador foi acionado. Ainda não há informações sobre feridos no local. Técnicos trabalharam para apagar o fogo, que começou a ser controlado.

Pouco antes da queima de fogos, a atriz Cissa Guimarães anunciou a apresentação da música "Imagine" no palco principal, que pôde ser vista simultaneamente em lugares como Londres, na Inglaterra, e Cabo Verde, além de outros países. A ação foi realizada pela Unicef, com o intuito de chamar a atenção para a qualidade de vida de crianças em todas as partes do mundo. No Rio, a canção foi executada por Vinícius Gomes, que vem de uma família de músicos. Sentado em frente a um piano branco, o jovem emocionou toda a praia. No show, vozes de cantores espalhados em diversas partes do mundo se misturam à apresentação do jovem, por meio do telão.

O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informa que, após os núcleos de chuva que atuaram sobre o município perderem força, não há mais previsão de chuva na cidade do Rio. No entanto, o Centro de Operações reforça que o múnicipio permanece em Estágio de Atenção, desde as 22h, por conta das festividades do réveillon da cidade. O Estágio de Atenção é o segundo nível em uma escala de três e significa a possibilidade de chuva moderada, ocasionalmente forte, nas próximas horas, bem como ocorrências que impactam a operação da cidade em uma ou mais regiões.
Multidão lota a orla de Copacabana, na altura no palco principal - Marcelo Piu / Agência O Globo
Grande parte do público se concentra nas proximidades do palco principal, na altura rua Hilário de Gouveia, onde o movimento é intenso desde 19h. O público lota a faixa de areia e o calçadão para assistir a atrações que celebram o rock nacional. O grupo Detonautas subiu ao palco pontualmente às 20h e apresentou sucessos acompanhados em coro pela plateia. A segunda banda a se apresentar foi Titãs, uma das mais esperadas da noite.

Em volta do palco, uma boa parte do público aderiu à moda dos isoporzinhos. O representante comercial Pitágoras Lima Ribeiro veio de Santos, em São Paulo, com sua família e trouxe uma bolsa térmica com bebidas e sucos, segundo ele para curitr a festa sem sustos. É a segunda vez que ele vem para o Rio curtir o réveillon, mas na última teve que desistir de ver os fogos por causa da forte chuva.
— Este ano, eu disse que viria nem que fosse de barco. Era um sonho trazer meus filhos para o espetáculo que acontece aqui. Agora (por volta das 20h30m) está chuviscando, contratriando a previsão, mas é chuva de sorte, passa rápido — brinca.
José Geraldo, posicionou-se na fila do gargarejo do palco principal com um bolo simbolizando o aniversário de 450 anos do Rio - Fabio Teixeira
Morador de Gardenia Azul, em Jacarepaguá, José Geraldo, de 45 anos, posicionou-se na fila do gargarejo do palco com um bolo simbolizando o aniversário de 450 anos do Rio:
— Vim todo de verde para mostrar aos turistas esse bolo. Vai atrair a paz para esta cidade que, a cada dia, prova que está de braços abertos para todos de bem.

ALÉM DA FESTA, ARRASTÃO, BRIGA E ASSALTOS
Por volta das 21h, um arrastão causou tumulto no palco principal e terminou numa briga envolvendo cerca de 20 pessoas. Houve correria, e o grupo correu para praia com a chegada dos seguranças. Durante a confusão, Helena Regina foi imprensada na grade lateral do palco, quando tentava proteger o filho Gabriel, de 8 anos.
— Só vi quando a multidão veio correndo em nossa direção. Peguei o Gabriel, mas fiquei imprensada na grade. Estou indo embora agora — disse ela.

Menos de uma hora depois, um homem fiocu ferido após se envolver em uma briga nas areias da Praia de Copacabana. Ele saiu do meio da multidão carregado por homens do Corpo de Bombeiros com o rosto coberto de sangue. A confusão tambem foi em frente ao palco principal, e ninguém foi preso.
Pouco antes dos tumultos, um homem precisou sair carregado, após passar mal na frente do palco. Há bastante policiamento ostensivo e, apesar do grande público, ainda não há filas para os banheiros químicos.
Alguns menores de idade foram apreendidos em Copacabana por furtos. Um casal de estrangeiros visivelmente abalado teve sua câmera fotográfica Canon roubada enquanto estava na faixa de areia da praia. Sem querer revelar seus nomes e seu país de origem, eles disseram que a ação do menor foi muito rápida e que, infelizmente, a festa de réveillon para eles acabou. Eles foram encaminhados para a 12ª DP (Copacabana) para fazerem o boletim de ocorrência.

A Polícia Militar apreendeu o menor suspeito do crime. Até as 22h, a PM não divulgou o número parcial de ocorrências registradas em Copacabana. Um dos oficiais, porém, comentou que, mais cedo, um garoto foi apreendido com sete aparelhos celulares.

A corretora de imóveis Jéssica de Carvalho veio de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, acompanhada de quatro amigos para Copacabana. No caminho, disse ter visto cambistas vendendo o tíquete para o metrô por R$ 10.
— Por isso, preferimos vir de ônibus. E foi tranquillo de lá para cá. Tem cinco anos que faço questão de passar a virada em Copacabana, mas este, atė agora, é o menos tumultuado. Tem muitas familias e casais aqui... O clima ė de harmonia e de amizade entre pessoas que nem se conhecem. A praia tem esse poder de agregar! — elogia.

No caminho para Ipanema, a praia do Arpoador é a alternativa para quem quer aproveitar a queima de fogos de Copacabana sem tumulto. Um grupo de 12 amigos veio de Xerém e acampou à beira da água.
— Dá para ver a queima pelo lado da pedra — garante Filipe Barbosa, que, com a clavícula quebrada, convenceu os amigos a fugirem da confusão.
— Está ótimo. Era o que a gente buscava: a tranquilidade, sem abrir mão da beleza carioca - completa Barbosa.
Já no Posto 6, ao lado do Forte de Copacabana, a faixa de areia ainda estava vazia por volta das 20h, e as cadeiras reservadas aguardavam seus donos. A expectativa do barraqueiro Jerônimo Nascimento era de que à meia noite a areia o local estivesse completamente tomado. Ele, que tem 60 cadeiras, já alugou mais de 50 cadeiras.
— Ainda dá tempo de alugar, mas tem que ser rápido — afirma esclarecendo que o aluguel não é do espaço na praia. — A areia é de todos.
RI- Rio de Janeiro- RJ 31/12/2014 Reveillon na Praia de Copacabana, Foto de Antonio Scorza/Agência O Globo - Antonio Scorza / Antonio Scorza
Com um públlico total estimado em dois milhões de pessoas, a festa da virada de Copacabana vai receber cerca de 816 mil turistas, que deves movimentar cerca de 650 milhões de dólares. Aproximadamente 2 mil pessoas trabalham para manter tudo em ordem nos três palcos da festa. São um milhão de lâmpadas de LED, 300 refletores espalhados pelo espaço da celebração. As apresentações vão contar com 18 artistas. Para ninguém passar aperto, são 500 banheiros químicos espalhados pelo praia. O espaço conta ainda com 30 torres de som, 30 postos de policiamento, 120 maqueiros, 50 UTIs móveis e cinco postos médicos.
Os motoristas estão deixando os veículos principalmente nas proximidades do corte do Cantagalo e seguindo a pé para Copacabana. Na Lagoa, os estacionamentos já estão lotados. Carros estacionados de forma irregular estão sendo rebocados. Apesar da presença da Guarda Municipal, muitos flanelinhas atuam na região.

Das17h30m até as 22h39m, foram atendidas 176 pessoas nos cinco postos de atendimento da Secretaria municipal de Saúde (localizados na altura da Av. Princesa Isabel - Leme, da Praça do Lido, e das ruas República do Peru, Santa Clara e Xavier da Silveira). Ao todo, seis foram encaminhados para o hospital Miguel Couto. A maioria dos casos é de dores de cabeça, mal estar e pequenos ferimentos. O serviço de atendimento a crianças desaparecidas já acolheu dez menores perdidos dos responsáveis. Destas, seis já encontraram suas famílias. Todas recebem o atendimento de assistentes sociais da prefeitura.
O economista carioca Jorge Luiz Napoleão veio trazer a noiva Camila Lima para assistir pela primeira vez à queima de fogos em Copacabana. A moradora do Méier nunca viu a festa porque a avó comemora aniversário no dia 1° de janeiro.

— Estou ansiosa para ver os fogos. Disseram que este ano será um dos mais bonitos — disse ela.
— Deu tudo certo até agora. Achei mais organizado e com mais policiamento do que no ano passado — disse ele, que tem, entre as resoluções de fim de ano cumprir a promessa de casamento em 2015.
Maria Estela saiu da cidade de três corações em Minas Gerais para curtir o ano novo em frente ao palco principal. Ela, que comemora hoje 76 anos, brindava o aniversário ao som de "Pais e filhos", na interpretação do Detonautas:
— O Rio é lindo demais. Foi nesta praia, há 40 anos, que conheci meu marido, que faleceu. A princesinha do mar tem uma história na minha vida, e eu só saio hoje daqui quando estourarem os últimos fogos de artifício.

FESTA NO FLAMENGO É ALTERNATIVA A COPACABANA
Muita gente optou pela Praia do Flamengo para fugir da multidão que invade Copacabana. É o caso da dona de casa Valéria Lourenço.
— É lógico que é melhor ir para Copacabana. Mas lá fica muito cheio. É a terceira vez que passo no Flamengo. Moro em Madureira, mas as atrações aqui são melhores que as de lá — explica Valéria, que veio curtir a virada com a família.
O cantor Silvinho Blau Blau, ídolo do rock nacional nos anos 80 que se apresentou por lá, brincou com a plateia na Praia do Flamengo:
— Larga a farofa de Copacabana e vem para cá, porque aqui tem espaço para todo mundo!
Moradora do Flamengo, a publicitária Adilene Raposo completa 46 anos no último dia do ano. Ela passa as viradas na praia do bairro desde 2005.
— Copacabana nunca mais. Lá é impossível de brincar — disse.
Depois da estreia, ela resolveu comprar uma tenda e divide com amigos, como a auxiliar administrativa Teresa Cristina Adão, moradora do centro:
— Comecei a frequentar o réveillon do Flamengo com a Adilene. Cada um traz um prato. A bebida compramos com os barraqueiros da praia.

Fonte: O Globo
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